Our Fears

São as imagens que dão vida aos textos, e os textos que dão movimentos às imagens. E rodam todos como karaminholas na kuka da Krika.



domingo, 27 de junho de 2004

Por quê existem karaminholas na kuka da Krika?

Por quê existem karaminholas na kuka da Krika?

Talvez porque ela adore desafios. O David, lá das terras de além mar, fez-me o desafio outro dia: criar um blog com uma nova proposta. Cá está ele!

Não será tão intimista como a Kuka da Krika, neste as imagens darão cor aos textos, e os textos darão movimento às imagens. Conseguir manter esta proposta será outro desafio. Que me puxe a orelha, aqueles que notarem que abandonei meu desafio!

O primeiro post é dedicado ao padrinho do blog. Espero que gostes, dindinho!

Vamos deixar de conversa fiada, e colocar as karaminholas para fora?


Gosto de você



No dia em que me deste a bonequinha com caraminholas na cuca, não disseste nada.

Entrou-me na sala todo hesitante, cara de menino que aprontou das suas, olhava-me de soslaio e com cerimônia.

Eu que estava lendo as aventuras de um templário, num romance qualquer, e deitada com as pernas cruzadas no encosto do sofá, levantei meus olhos, dei-lhe meu sorriso que-bom-que-você-chegou.

Sempre me perguntaste como eu conseguia me concentrar na leitura numa posição tão desconfortável, talvez lhe fosse desconfortável saber que eu não sou nem um pouco convencional, mas nesse dia não disseste nada.

Estendeu-me o braço, entregou-me a caixinha, seu rosto não tinha expressão, e foi-se embora. Naquele momento eu nem sabia o que fazer. Abri a caixinha meio confusa. Dentro estava a bonequinha com caraminholas na cuca, um sorriso pintado no rosto, uma flor colada na roupa, um cartãozinho onde se lia: “Gosto de você!”.

Eu ainda estava confusa, levantei com cuidado a bonequinha, encontrei um papel dobrado. À medida que fui abrindo meu coração sobressaltava, lá estava tua letra, mas tinha algo de estranho, a escrita quase tinha furado o papel, parecia um bilhete escrito em fúria, as letras se arrastavam quase engolindo uma às outras. Li e estremeci. Chamei teu nome baixinho, depois gritei com toda a força dos meus pulmões. Quando me pus de pé, a sala toda rodopiou, fui ao chão. Não sei quanto tempo fiquei ali desmaiada.

O bilhete dizia: “Em muito tempo na minha vida, não me sentia tão feliz, você trouxe luz à minha vida. Eu a amei no primeiro momento em que a vi. Mas, hoje descobri que não posso me separar da vida triste e sombria que eu tinha antes. Aconteceram coisas que nem me atrevo a contar. Você nunca entenderia, você consegue simplificar tudo, mas nunca vai simplificar meus medos e minhas dores. Adeus.”

Ficou-me apenas a bonequinha de caraminholas na cuca.

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