A vida é uma caminhada no escuro. Você até sabe aonde quer
chegar, mas não consegue ver além do que pode tocar.
Eu convivi grande parte da minha vida com um tio cego, o
modo como ele encarava a vida era tão diferente, talvez porque a escuridão não
lhe fosse um empecilho.
Quantas e quantas vezes esbarramos em um problema que parece
ter aparecido do nada, exatamente como um orelhão ou uma caixa de
correspondência surge para um cego, que com sua bengala já havia mapeado a área
e não tinha identificado nada. A colisão é certa!
Um problema sempre nos atordoa, alguns nos deixam no chão,
outros deixam pequenos hematomas, que nem lembramos mais quando aconteceu o
esbarrão. Mas o fato é que quanto mais problemas nós vivemos, mais técnicas nós
desenvolvemos para preveni-los.
Raras vezes eu ouvi meu tio lamentar algo, na verdade ele
sempre foi o porto seguro da família. Sempre que alguém tinha um problema, bastava
algumas horas de conversa com ele. As conversas dele nunca vinham acompanhadas
de sermões, mas de uma lição de vida.
Com ele que aprendi que a caminhada no escuro pode ser
divertida se pudermos rir das quedas e continuá-la. A cada sonho conquistado,
devemos fincar uma bandeirinha e demarcar nosso mapa de vida com novos sonhos.
Ao final, seremos capazes de olhar para o caminho percorrido com o mesmo
orgulho de quem veio, viu e venceu! «